O AMANTE
There are some things one remembers even though they may never have happened.
Harold Pinter
SOBRE O ESPECTÁCULO
Há muito que nos interessamos pelas emoções, pelo mundo dos sentimentos, e que os trabalhamos - como e por que nos emocionamos? Como é que usamos os sentimentos para construir as nossas personalidades? E como é que as emoções ajudam ou prejudicam as nossas intenções? Se quisermos compreender os conflitos e as contradições da condição humana, precisamos de reconhecer a interação, o jogo, tanto favorável como desfavorável, entre sentimentos e raciocínio.
O Amante de Harold Pinter propõe um mergulho, e o jogo permanente, na narrativa de uma relação amorosa entre duas pessoas através dos seus fetiches Mostrando-nos a necessidade de lidar com as contradições do coração, com os seus conflitos, e o desejo de reconciliação apresentado de forma tortuosa e ambígua; o texto é onde assenta a construção da mentira.
SOBRE A ENCENAÇÃO
Pela primeira vez, a Teatro Nacional21 assume a direção de um texto clássico, criando, assim, um espaço de criação afastado da dramaturgia contemporânea portuguesa. A mudança surge através de um forte desejo de experimentação.
Ao escolhermos para O Amante actores com idades superiores às sugeridas por Pinter, pretendemos aumentar a complexidade do texto através de corpos mais experientes, e, assim, tornar mais denso o jogo de máscaras. Pretendemos, também, potenciar o texto através da exposição dos corpos, sentimentos e raciocínio destes actores experientes. Para isso, criámos um dispositivo cénico espelhado para mostrar a multiplicidade das máscaras.
Vivemos num momento de particular alienação do outro, assente em diversas razões, mas, sobretudo, usando como pretexto a procura do "eu". Temos medo de nos relacionarmos e sentimos pavor do compromisso com o outro. Preferimos, hoje, um consumo rápido e fácil de alguém que nos satisfaça. O texto de Pinter reflecte o desafio contrário - é um convite para descobrir o eu no outro. Parece-nos pertinente reflectir sobre isto.
FICHA ARTÍSTICA
Texto | Harold Pinter
Tradução | Pedro Marques
Direção | Albano Jerónimo e Cláudia Lucas Chéu
Apoio à dramaturgia | Cláudia Lucas Chéu
Intérpretes | Custódia Gallego, Virgílio Castelo e Luís Puto
Desenho de Luz | Rui Monteiro
Espaço Cénico | António MV
Figurinos | António MV
Produção Executiva | Luís Puto
Direção de Produção | Francisco Leone
Duração | 1.30h